Não deu tempo para as marcas filiadas à Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Auromotores (Abeiva) comemorarem o crescimento de 87,4% das vendas em 2011. O presidente da entidade, José Luiz Gandini, anunciou nesta quarta-feira (11) que os preços dos carros importados vão subir entre 15% e 28%.
A afirmação foi feita durante o anúncio dos resultados de 2011. Segundo Gandini, o aumento previsto nos valores praticados no mercado brasileiro considera a alta em 30 pontos percentuais do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI) para veículos importados, a variação cambial com o aumento das cotações do euro e do dólar, e a alíquota de importação de 35%, acordada pela OMC.
"Será um ano muito difícil", ressalta Gandini. O presidente da Abeiva afirma que a primeira quinzena de janeiro já está com queda nas vendas que variam entre 20% e 40%, conforme a marca, sobre os primeiros 15 dias de dezembro de 2011. "Janeiro é tradicionalmente fraco, mas a queda está fora do normal", diz. "Vamos esperar a segunda quinzena, com o fim das férias, para ver se a situação melhora."
O empresário destaca ainda que a maioria das importadoras reajustou pouco os preços, esperando a concorrência e trabalhando com cotações mais favoráveis. No entanto, ainda segundo Gandini, não será possível sustentar os valores por muito tempo, até porque os estoques antigos estão acabando.
Para reduzir custos e segurar os preços, importadoras como a Kia Motors têm reduzido investimentos, especialmente em marketing. "Nós da Kia vamos reduzir 50% do investimento em marketing", revelou Gandini, também presidente da marca no Brasil.
A Abeiva acredita que, neste ano, a demanda por importados que estão fora dos acordos do Mercosul e do México deve cair 20%. "Nossas primeiras estimativas são de 160 mil unidades para 2012", afirma Gandini.
Decreto autopeças
As associadas acreditam que o aumento do IPI será permanente e não até o fim deste ano, como havia afirmado o governo. No entanto, elas esperam que até o término do primeiro trimestre o governo mude a obrigatoriedade de 65% de peças nacionais para os produtos fabricados no Brasil não sofrerem o aumento do imposto. "Trabalhar com esse índice é impossível, nem a indústria nacional de autopeças aguenta. Essa exigência tinha que ter um aumento gradativo", defende Gandini, que ainda não recebeu autorização da matriz da Kia Motors para investir em uma fábrica no Brasil.
As empresas importadoras de veículos sem fábrica no Brasil fecharam 2011 com expansão de 87,4% das vendas na comparação com o ano anterior. O crescimento foi menor do que os 144% registrados em 2010 sobre 2009.
No total, as marcas que não têm fábrica no Brasil emplacaram 199.366 unidades em 2011 contra as 106.360 registradas em 2010. No entanto, o resultado representa apenas 5,82% das vendas totais de veículos no mercado nacional.
"Esse forte aumento também é justificado pela chegada de novas marcas à associação em 2011, que trouxeram produtos mais completos, com mais tecnologia ao Brasil", diz Gandini.
Somente as vendas de dezembro somaram 19.151 unidades contra 15.098 no mesmo mês de 2010 - alta de 42%. "A diferença foi alta porque em novembro faltou produto, com a forte alta da demanda em setembro por causa da antecipação das compras com o anúncio do aumento do IPI", analisa Gandini.
Em 2011, entre as associadas à Abeiva, a sul-coreana Kia Motors liderou as vendas com 38,7% de participação de mercado ou 77.194 emplacamentos. Em segundo lugar ficou a JAC Motors, com 11,9% de market share, tendo 23.725 veículos comercializados. Outra asiática, a Chery, ficou em terceiro, com 10,9% de participação (21.669).
A Abeiva é formada por Aston Martin, Audi, Bentley, BMW, Changan, Chery, Chrysler, Dodge, Effa Changhe, Effa Hafei, Ferrari, Hafei Motor, Haima, Jac Motors, Jaguar, Jeep, Jinbei Automobile, Kia Motors, Lamborghini, Land Rover, Lifan, Maserati, Mini, Porsche, SsangYong, Suzuki e Volvo.